Novo sistema de dados aperta o cerco contra falsificação de real

Um grande sistema interligado de informações da Polícia Federal (PF) e do Banco Central (BC) permitirá às autoridades brasileiras apertar o cerco contra a falsificação de células do real. Por mais que o primeiro balanço de apreensões em operações conjuntas — ao qual O GLOBO teve acesso — mostre uma queda nesse tipo de delito, somente até agosto deste ano foram tiradas de circulação 303.321 cédulas, ou R$ 19,17 milhões em notas falsas. Desde 2006, quando PF e BC começaram a trabalhar juntos, até 2011, o indicador de cédulas falsas por milhão caiu de 162 para 84, levando o Brasil para níveis próximos de países desenvolvidos. O índice é de 70 para o euro e de 120 para a libra inglesa.

— Não está tão ruim (o indicador de cédulas falsas), mas não está tão bom. O novo acordo traz aperfeiçoamentos e será fundamental para continuar esse trabalho — diz o chefe do Departamento do Meio Circulante, João Sidney.

Esse banco de dados gigantesco que será criado nos próximos meses vai permitir o cruzamento do conteúdo das investigações da PF e do BC com o objetivo de identificar criminosos iniciantes e reincidentes, os mais frequentes.

A ideia é garantir que os bandidos fiquem fora de circulação. O governo quer acelerar este processo de integração de olho na quantidade de cédulas de real que deverão circular no país nos eventos internacionais previstos para os próximos anos. Na semana passada, PF e BC assinaram novo acordo renovando por mais cinco anos a parceira nas investigações e, desta vez, com metas, como a criação deste sistema de cruzamento de dados.

O sistema deve agilizar as análises e relacionar os crimes de falsificação com outros, como de lavagem de dinheiro. O chefe da Divisão de Repreensão a Crimes Fazendários da PF, delegado Hugo Correia, afirma que são mais de cinco mil inquéritos policiais instaurados por ano de investigações de crime de moeda falsa.

A nova família do real já é alvo de 48,25% das falsificações. Até o mês passado, foram apreendidas 79.765 cédulas de R$ 100 da segunda família, o que equivale a R$ 7,97 milhões. As notas confiscadas de R$ 100, que já vinham circulando na economia antes do lançamento do novo modelo, corresponderam a R$ 5,03 milhões (50.360 cédulas). Uma explicação para a diferença pode estar no fato de as novas notas terem mecanismos de segurança mais sofisticados, o que facilita a identificação. São Paulo é a capital onde foram realizadas mais apreensões, com 96.155 cédulas. Em seguida aparece Minas Gerais (32.301), Paraná (30.336) e Rio de Janeiro (26.239).

— O sistema nacional de controle visa, além das informações sobre notas falsas, outros dados que podem facilitar a ação da polícia em todo o país. Moeda falsa vem junto com cheque, lavagem, passaporte falso. Vai ter intercâmbio dos sistemas de bancos de dados. Não só falsificações, mas também dos crimes que já ocorreram — acrescenta Sidney.

Em duas operações realizadas em julho, a PF chegou a falsários no centro de São Paulo. As investigações têm mostrado que a estrutura das quadrilhas é cada vez mais complexa e os equipamentos, mais sofisticados. Um dos expedientes usados pelos criminosos é o de atrair pessoas que trocarão as notas em pequenos comércios para não levantar suspeitas. Em uma operação este ano no Paraná, a PF chegou a falsários que trocavam suas cédulas comprando produtos simples de ambulantes em dia de jogo, no estádio Couto Pereira, em Curitiba.

Fonte: O Globo

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