Chegou a hora de pisar no freio da inflação

Com o aumento da inflação e o risco de uma escalada, chegou a hora de reverter o processo de forte intervenção iniciado pelos bancos centrais em 2008 para aumentar a moeda em circulação e manter ativo o mercado consumidor durante a crise.

É esse o alerta dado pelo Banco Internacional de Compensações (BIS), o banco central dos bancos centrais, em seu relatório anual.

A inflação contribui para tornar injusta a repartição da renda na economia, ao reduzir o poder aquisitivo dos assalariados e dos que dependem de rendimentos fixos, como locadores de imóveis com prazo legal de reajuste.

Também afeta a alocação de recursos na economia, ao modificar o perfil de aplicações e investimentos das famílias, empresas e até mesmo do governo, podendo trazer sérias implicações de cunho social.

Isso ocorre em razão da resistência que investidores têm em colocar seus recursos em projetos de longa maturação, preferindo os de curto prazo ou mesmo os especulativos.

O terceiro efeito recai sobre o balanço de pagamentos.

Se a elevação dos preços internos se dá em um ritmo superior ao do aumento de preços internacionais, os bens produzidos internamente podem ficar mais caros que os produzidos externamente -dificultando as exportações e estimulando as importações, diminuindo o saldo da balança comercial (exportações menos importações).

Para combater o efeito inflacionário de uma economia, há dois mecanismos: um fiscal e outro monetário.

O de política fiscal recomenda a redução dos gastos governamentais e/ou o aumento da arrecadação, via carga tributária, enquanto o de política monetária sugere a elevação da taxa de juros referencial e/ou redução da moeda em circulação.

Trazendo essas questões para a atual situação da economia brasileira, o combate à inflação, pelo que foi exposto, deverá trazer um componente recessivo, especialmente numa combinação entre as duas políticas.

É, porém, a única alternativa para que se possa ter crescimento forte do PIB, um IPCA perto da meta, investimentos privados que deem sustentação ao crescimento do país, condições para o adequado controle do deficit público e uma taxa de juros de país maduro.

Não há fórmula mágica, portanto, senão aumentar a Selic a 9% em setembro.

Um primeiro importante passo para estancar a inflação é capacitar e adequar às condições de produção do país, para então partir para um crescimento sustentado ao longo dos anos.

OTTO NOGAMI é professor de economia do Insper e sócio da Nogami Participações

Fonte: Folha Online

 

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